Gêtê...ontheblog

29 maio 2005

O calor a chegar...

Este fds apanhei com trinta graus…verdadeiramente…. uns dias de Verão! Aproveitei para recarregar baterias. As últimas semanas foram estafantes e necessitava mesmo de um tempo para mim. O objectivo seria dormir até relativamente tarde mas descobri cedo, que bem cedo começa a nascer aqui o Sol na Primavera/Verão. Cinco da manhã e senti os raios a entrarem insubordinadamente pela minha varanda; calor insuportável; conclusão: fui correr para o parque! Apanhei os primeiros raios na minha cara branca, deslavada, já esquecida dos mesmos raios em terras brazucas! A verdade é que as pessoas aqui levam o calor e o Sol muito a sério…como ele é raro quando resolve aparecer é ver o pessoal todo correr para os parques, com todos os apetrechos para o barbecue, bebidas (cerveja, claro está!) e devido “bikini para tostar o corpinho todo! A propósito de “bikinis”….fui altamente gozada pela karina porque não trouxe nenhum para a Alemanha! “Você vai passar cá o Verão!!!” retorquiu às gargalhadas…Eu vim para A ALEMANHA!!! Alguém se lembraria de trazer bikinis para a Alemanha?!! Eu não…uma brasileira…é quase como a outra…” com um bikini preto…eu nunca me comprometo!!”!! Hahaha! Bem, voltando aos parques…o pessoal passa-se mesmo! Mas eu acabei por entender…porque eu própria, como se de um ataque de loucura se tratasse corri para o parque atrás de minha casa e lá me estendi a apanhar os primeiros raios de jeito do ano. É sempre aquela máxima…só quando não se tem, é que se dá valor!

Quinta inclusive entrei no espírito e lá fui eu a caminho de Bonn ter com o grupo do “barulho”, para um parque….para um churrasco! Duas coisas, para um alemão quase sempre churrasco significa…salsichas grelhadas, como estávamos só latinos…houve caaaaaaaaaarne; segundo, quando a Célia me alertou para a existência de uma praia mais abaixo lembrei-me logo da minha experiência há um ano atrás em Hamburgo quando a Kaska também me quis levar a uma. Um bocado de areia poeirenta à beira rio….PRAIA?!!! Bem, isso já é um pouco demais para mim! Praia é aquela “coisa” onde se houve sempre dizer “há mar e mar, há ir e voltar”! “Mai nada”!!!

É sempre aquela questão…fez quatro meses que aqui estou…e tudo passa a correr…às vezes acho que não. Tenho os meus momentos; adoro a minha vida em Colónia, a qualidade de vida que a cidade me proporciona, a sua vida, as pessoas que conheci…mas às vezes sinto-me invadida por saudades de tudo! Tudo mesmo! Das nortadas no Porto, do seu nevoeiro, das gaivotas no Douro, da luz dourada a bater na Ribeira, das minhas tardes de solidão na cantareira, das tardes bucólicas de Domingo, das línguas da sogra na Foz, dos gritos apaixonantes no Dragão, das papas da minha avó…Para alguns este discurso poderá parecer estranho…estou a viver tanto, a descobrir tanto, porquê tanta saudade…são momentos…apenas momentos! Momentos que partilho para entenderem que aquilo que possamos viver nesta experiência pode ser tudo aquilo que nós dizemos nos telefonemas, nos mails, a loucura, a descoberta, a emancipação…mas também tem disto. E acho justo que o saibam.

Mas estou bem…não se apoquentem! A semana passada tive a visita dos meus queriduchos Moura+Gomas! O casal sensação…o nosso casalinho que (FINALMENTE) irá dar o nó!! Foi óptimo tê-los cá, ver que gostaram da cidade, do meu lar e que não levaram com eles qualquer tipo de estereótipos que eventualmente pudessem ter relativamente aos alemães. É verdade que os habitantes de Colónia são especiais, já várias vezes o disse…de qualquer forma…uma coisa é falar, outra coisa reconhecê-lo. Obrigada pela companhia! E Ana…também já estou com saudades tuas! :)

“Posso deixar a cidade engolir-me no seu nevoeiro

Posso deixar a Frieza, brevemente, abafar a minha “latinidade”

Não posso esquecer os raios de sol que me atacam na Ehrenstrasse,

Sempre que a percorro, sempre que a atravesso.

Em Manhãs secas, nubladas…

Manhãs quentes ou a pingar chuva desnecessária.

Sinto o cheiro a pão fresco,

Aroma de farinha caseira

O amanhecer que me acompanha

e me faz crescer com a cidade…

Faz a cidade crescer dentro de mim.

A imagem é a do Dom,

como a Eiffel a de Paris,

os Clérigos a do Porto.

Sinto-a, porém, tão viva, tão intensa…

Multicultural, diferente…

Esqueço que permaneço na Bundesland,

Não queria cá voltar.

Viajar, desejar, partir para longe,

Longe deste Mundo rectilíneo!

Perco-me hoje nestas rectas, crio os meus círculos…

Deixo a cidade engolir-me no seu nevoeiro…

Para me reencontrar, para me perder…

Novamente me encontrar…perder-me…

Encontrar-me e viver.”