Às vezes penso que ando por Paris. Aquele som melodioso do acordeão pela cidade faz-me pensar muitas vezes nas ruelas castiças e escondidas da cidade das luzes. Aliás, acho que descobri aqui o motivo do meu fascínio por Paris. Depois dos acontecimentos de Londres, ao sair do escritório e seguir pela Gertrudenstrasse pareceu-me ter os sentidos ainda mais apurados. Aquele som que me embala, que me acalma, por vezes me faz até sorrir captou ontem a minha atenção, como se a vida só valesse mesmo a pena por estes pequenos momentos. Momentos simples, únicos, com uma beleza inconfundível. Colónia tornou-se a minha Paris e agora sempre que parto, volto com aquela sensação de “voltar a casa”. À minha casa, às minhas coisas. Sinto-me privilegiada. Nem todos se podem gabar de sentir isto; eu própria pensei que nunca o iria sentir aqui. E ontem senti, com aquele som melodioso, aquele som que é de Paris mas que a ela não pertence mais, ou pelo menos não será só dela. É da minha Colónia.

Àqueles que pensam que o Mundo é dos loucos,

Loucos são eles por ignorarem a coisa mais básica na vida.

Somos livres de escolher, de ignorar, lutar, mudar…

Escolho viver, recuso-me ficar deprimida!

Atolada na lama que esses loucos criam…

Vou sair para a rua, de encontro ao acordeão…

Vou procurar beleza onde penso que não existe,

Viver aqui e acolá, sem medo, sem conformismos…

Porque Vida não é isto…é muito, muito mais.