Gêtê...ontheblog

31 março 2006

Geração Quê?!?!


Há algumas semanas quando me encontrei com a minha amiga J., veterinária, recém mudada para o Algarve fui confrontada com o famigerado artigo “Geração Mil Euros”, trazido à baila pelo Courrier Internacional e que foca essencialmente o problema do trabalho precário entre os jovens. A J. como muitos amigos meus tinha/tem o sonho de exercer a sua profissão. Neste momento não o faz; encontrou uma outra possibilidade (mais compensatória em termos salariais, claro), um outro caminho que para já a surpreende, a faz sentir até realizada. Apesar disso não deixou de comentar comigo o seu espanto, a sua revolta para com a situação que a nossa geração vive hoje. Licenciaturas, línguas, cursos e experiências, curiosidade e ambição: esta é a história de uma geração que ainda não percebi se tudo teve e nada tem, se muito quer e nem todos podem. Perante a minha situação actual, de procura de emprego, também ainda não percebi muito bem o que as empresas procuram (ou será que já?!): ouço falar tanto de empreendedorismo, arrojo, diversidade…e quando olho para o percurso de muitos de nós pergunto-me se as nossas ilustres psicólogas e demais empregadores ouvem, de facto, o que dizemos, se olham para o que fizemos, se olham com olhos de ver. Sinceramente eu acho que não. Não o fazem e a lei actual é: diz-me quanto queres ganhar, dir-te-ei quem és! E o pior é que em muitos casos nem se concorre para os tais mil euros…concorremos para muito menos…muito, muito menos. Como li num sítio há algum tempo, talvez sejamos muita areia para estas camionetas pequeninas que abundam no nosso Portugal.

Sempre pensei que um percurso diversificado, com experiências de trabalho em diferentes áreas, contextos e países, participação em diversas actividades, um percurso onde as nossas opções passassem pelo “arriscar”, pela valorização pessoal e profissional fosse algo sinalizador para um empregador. Algo que deixaria quem está a recrutar, como se costuma dizer, “com a pulga atrás da orelha”. A realidade é demasiado bruta e pasmo quando me apercebo que apesar de todo este discurso ministerial de “mandar para fora” os nossos talentos para recebermos o retorno, tudo isto não passa nada mais, nada menos de pura conversa da treta. Pode haver muita vontade, mas não há “Plano Tecnológico” que resista perante tanto entrave, perante tanto medo do desconhecido. Pede-se investimento, inovação, crescimento da Economia…é ver as beatas da paróquia, a correrem para a máquina da SiC ou TVi, que isto da OPA vai ser prejudicial para o Consumidor (desde quando se preocupam com o consumidor?!). Pede-se abertura ao Exterior, criação de sinergias com os exemplos de sucesso e é ver um Ministro a tentar limitar os acordos com o MIT a apenas uma Universidade (esta história ficou muito mal contada…) contrário ao próprio interesse da instituição americana. Enfim, como poderão as mentalidades mudar se nós não quisermos mudar?! Acabo por pensar nas palavras do Prof. Pinto dos Santos, “se esta empresa não me quer, não dá valor ao que eu apreendi, conquistei e posso dar…porque razão quererei eu lá trabalhar?!”.

A geração mil euros é muito mais que um gap nas negociações salariais. A geração mil euros é uma geração que pensa, questiona, discute os sistemas instituídos, o que é preciso mudar. E isso deve custar a muita gente que para aí anda…ai deve, deve. Para quê mudar se continuam a ganhar mais de mil euros e trabalham como lhes convém?!

23 março 2006


Grande


08 março 2006

Mulher

Hoje apetece-me brindar a mim…

A ti, a todas as gajas!

Hoje não quero saber de paridades,

Apenas raridades como as de ser Mulher.

Hoje apetece-me dizer que sou assim…

Diferente, histérica, descompensada,

Mas também aquilo, ser constantemente confrontada.

Hoje apetece-me assumir o meu sexo,

Mostrar esta que não outra forma de afirmarmos que somos Mulheres!

Sem patetices, sem sandices…sou quem sou.

Levem-nos assim, aguentem pois já muito puderam!

01 março 2006


Com a partida do meu irmão para Granada em Erasmus não resisto em lhe dedicar este post…

SanFran Revisited







Deixei Colónia para trás e parti para uma nova aventura. São Francisco foi o meu destino seguinte. Um ano antes havia deliberado que o meu mês sabático pós-Colónia seria passado definitivamente no Brasil, por motivos vários. Quis o destino que em vez de mim fossem parar a São Paulo, a Gui e a Sani. A minha paragem seria de certeza por lá e daria as voltas pelos sítios que não tinha podido visitar da primeira vez. Mas também quis o destino outras coisas…e lá tive eu que mudar “do” São Paulo para “o” São Francisco…Tirando a pena evidente de não poder rever mais cedo as duas malucas, a troca foi mais que positiva e São Francisco entrou naquele leque de cidades onde não só voltaria como não me importaria de viver.

Mas São Francisco foi a descoberta de um país, de uma costa, de uma cidade…que em tudo, dizem, difere do resto. Dizer que São Francisco é a cidade mais europeia dos EUA, para quem não conhece outras cidades americanas, tem quase tanta piada como quando me disseram que Maastricht, na Holanda, era uma cidade conservadora! E, no entanto, quando o tempo passa, quando os nossos olhos deixam de ver o superficial, o essencial e passam para as entranhas, conhecem os vícios e as virtudes, se ouvem as conversas e se observam os movimentos tudo isso ganha sentido. Acredito hoje que, de facto, é uma cidade aparte quase como Colónia, na Alemanha. Engraçado como no meio de tantas diferenças quase que encontrava pedaços de Colónia em SanFran. A cidade é fabulosa mas para mim ganha na sua pluralidade, de sítios e de pessoas. Para quem a conhece pelos seus altos e baixos, pela famosa Lombard, sítios planos também os há; para quem a conhece pela famosa China Town (perdição total, por sinal) mexicanos, japoneses, russos e italianos também os encontramos e em grande quantidade; quem sonha em ir ao MOMA (ficas-me a dever uma…) experimente o De Young…fabuloso, no meio do Golden Gate Park. Posso imaginar Haight - Ashbury nos tempos áureos do Flower Power…lembro-me sempre da Janis Joplin…adoro-a, a sua voz rouca, a chorar os seus amores não correspondidos, não entendidos. Às vezes sinto que nasci na altura errada, no local errado… Confesso até que não deixei de sentir uma certa desilusão na minha primeira visita a Haight-Ashbury; é impossível a não existência de uma certa comercialização do local e para quem ia à procura de um certo “be cool” ou “peace and love”, ver a Gap ali no meio não deixou de me arrepiar um pouco. Mas como em tudo há que ter paciência e após algumas voltas mais lá encontrei um pouco do que procurava. O que foi Haight - Ashbury, o que é hoje, se os valores estão/estavam ou não deturpados dava conversa para horas; encontrei pessoas que se recusam a aceitar uma forma de vida materialista, “à la américaine”. Interessante ver como reagiam quando dizia que era de Portugal…a nossa ideia (preconceituosa, como sempre) de que todos os americanos são estúpidos e de que se centram apenas neles caiu em saco roto e mais uma vez confirmei a minha ideia de que pequenos somos nós quando achamos que todos os outros são iguais, estúpidos e ignorantes…todos, num saco com as cores da bandeira nacional. Existem modos de estar; falam definitivamente alto (coitados dos espanhóis…); gostam de falar deles, do que fazem, do sucesso das suas obras, do seu trabalho; o que para nós é falta de modéstia para eles é a constatação de um facto, do sucesso de horas a fio de esforço e dedicação e por isso não há qualquer motivo para não o dizermos e mostrarmos. Admiro a sua forma de estar no mercado de trabalho, no sentido de eternos insatisfeitos, sempre à procura de algo em que sejam melhores, algo que lhes traga maior satisfação. Mudar de área de trabalho, cidade ou estado não é problema, o que interessa é conquistarmos o que queremos. Querem melhor sonho que este? O verdadeiro “American Dream”! É nesta sua abertura, informalidade que porventura poderemos encontrar alguma falta de modéstia, o que em determinados contextos e momentos confesso, me causaram urticária…”o que é demais é moléstia”, claro está! Da hipotética falsidade ao tão falado falso–moralismo encontrei, sim, uma certa superficialidade naquilo que dizem e fazem com os outros como se as boas relações com os “vizinhos” fossem o prato principal para uma vida de sucesso. Já viram este filme em algum lado? Em todo o caso, não vale mesma a pena perder tempo a generalizar pois se até de um nova-iorquino para um californiano sentimos a diferença o melhor é mesmo conhecer pessoas, abrirmo-nos à cultura e ir na onda. O resto é conversa para políticos e incultos, ou para políticos incultos, ou simplesmente para incultos que se querem fazer passar por políticos.

Volto com vontade de lá regressar. E não há Bush e Bin-Laden que me afaste desta minha conclusão.



Gêtê is...BACK!!!

Este é um regresso anunciado. Não sabia por quanto tempo me manteria ausente, nem tão pouco o motivo. Talvez tenha sido muito, talvez não. Creio que o suficiente para redefinir este meu espaço, este canto que partilho convosco. Certezas, certezas só mesmo a da inevitabilidade de aqui voltar.