Gêtê...ontheblog

30 outubro 2005

Vou e não volto…talvez sim, talvez não…eu disse que não voltava e voltei… - Crónica de um Parto difícil ou talvez não

Estou de partida. Apenas isto. Os 9 meses chegaram ao fim e a coisa correu de tal forma nestes últimos meses…que me esqueci literalmente da escrita! Esqueci-me das palavras, dos sentimentos, do que dizer, do que não dizer…limitei-me a viver e o tempo voou…

“O tempo perguntou ao Tempo quanto tempo o tempo tem…” hmmm….

Imaginem uma garota, nos seus 25; sonhos infinitos, quer sair, voar, acha que o Mundo é dela. Está naquele jantar, naquele em que quase não janta, a comida não entra. Acha que vai acabar completamente bêbada nessa noite, a tombar de alegria, de emoção. Acaba de dizer à mulher que se encontra a seu lado que o último país para onde deseja ir é para o país “X”…nem que vá para o Burkina…sempre dá para ver uns chocalhos diferentes como diria o Paulo Nunes. A mulher fala-lhe de Angola, do exotismo, das praias, do tempo, da sociedade africana, do Portugal de Angola… Sou eu.

Quero esse exotismo, essa experiência que se cola como ar húmido peganhento. O homem chama por mim, o momento parece interminável, o homem enrola as palavras e num ápice acaba por soltar a palavra que eu não queria ouvir…o país “X”. Senti que me caía tudo. Senti o chão a fugir-me. Senti o passado a inundar-me, senti aquele cheiro das estações, senti que era injusto. Naquela noite porventura fiquei bêbada…mas talvez para esquecer, para tentar entender os caprichos do destino, a ironia da Vida! Da minha Vida…está sempre a pregar-me partidas. Por momentos quis bater na mulher a meu lado…não resistiu a dar uma leve gargalhada face à ironia da “coisa”. O tempo passou, continuei a tentar entender…o país X sempre a puxar-me…

Às vésperas de vir passei um final de tarde fabuloso na Foz…um pôr-do-sol daqueles…onde a luz pinta a Ribeira em tons de dourado. Por momentos também senti que aquele era um momento de ouro, que o Porto era belo demais, talvez estivesse “bêbada” de outros sentimentos…mas nesse momento senti que era injusto deixar tamanha beleza e ser raptada para o país X. Parti. Cheguei e durante um mês continuei a fazer a mesma pergunta…porquê?

Depois descobri Colónia. Descobri pessoas fantásticas que para sempre irão ficar comigo. Desatei novamente nós de preconceitos que se criam naturalmente. A Primavera chegou e Colónia soltou-se. O Povo saiu à rua. Saiu para os parques, para os churrascos, para as noites animadas. O Passado inundou-me, pensei que ia ser bizarro, porventura doloroso. Não. Foi bonito. Encontrei tudo aquilo que ansiei durante alguns anos e que me tinha esquecido. Redescobri-me, questionei-me, pensei que não aguentava muita coisa, aguentei algumas coisas, outras nem por isso. Acho e confesso mesmo que a minha relação com a Alemanha é de Amor - Ódio: é um país fantástico, as pessoas não são aquilo que se pinta; adoro desfazer as ideias predefinidas de todos os que falam e não conhecem ou daqueles que falam, acabam por conhecer e acabam por gostar. É um país distante, sinto a falta da nossa veia latina, o nosso sangue quente, a nossa espontaneidade! Irrita-me a organização, sinto falta do desenrasca; impressiona-me os mecanismos estabelecidos e aceites, irrita-me que não se fuja disso! Gosto da qualidade de vida, dos sons de domingos de manhã; gosto especialmente do liberalismo de Köln…da diferença não ser sinal de aberração! Gosto de estar no centro deste Continente, estar perto de tudo; comprar cd’s em Camden Town, curtir um funky na “Favela Chic”…estou aqui, estou ali.

Todos os dias, percorro a Ehrenstrasse e continuo a surpreender-me. O movimento, os cheiros, os freaks, os gays, as mamãs com os filhotes nos carros, os punks que pedem dinheiro, a sexagenária impecavelmente vestida, os porches, as bicicletas, os peões que como eu percorrem aquela rua e a vivem todos dias. Para muitos Colónia é a catedral, quiçá o Reno….há quem diga que até nem é nada de especial. Concordo…não se fica de queixo caído, a imaginar o quão fantástico e ultra – mágico seria viver nesta cidade. Por isso gosto da minha Ehrenstrasse…porque é a minha Colónia. Talvez se aqui vierem irão balbuciar que também não a acham nada de especial...eu também acho que não. Mas ela vive cá dentro e para mim isso basta. Basta para saber que valeu a pena o ano no país “X”.

P.S. (This is not a farewell-post…it’s a “see you soon”-post…)

26 outubro 2005

A arte das fotos não é minha…faz parte da visão de alguns dos amigos/familiares que me visitaram e conheceram Colónia. A sua visão também é um pouco a minha, quanto mais não seja por tê-los levado a todos estes recantos.

Um abraço a todos e, nunca é demais dizê-lo, obrigada!


A minha Ehrenstrasse...


Quatro Estações em Colónia


Os edifícios com que a Marta se perdeu...


Humor&Cor

25 outubro 2005

A Saída...

Despachei todos os móveis; doei toda a minha cozinha à mana João, a começar vida em Paris; estou com a casa vazia, impessoal…não é a minha casa! Mesmo assim, estou bem. Não gosto da frase…”tudo que tem um início, tem um fim…”; a mim sempre me pareceu uma frase trágica, fatalista como se toda a felicidade tivesse um fim! Recuso-me a acreditar nisso e apesar de triste por deixar a minha casa em Limburgerstrasse, a casa onde tanta gente recebi e, acredito tão confortáveis se sentiram, sinto que isto será apenas a ponte para um novo começo. O erasmus poderá ter tido porventura alguma influência nesta forma de olhar esta partida…quiçá! Sinto-me triste por deixar os amigos que aqui fiz, pessoas impecáveis, bem-dispostas, amigos que também me confortaram nos momentos menos bons, amigos com quem me ri/rio e irei rir, principalmente no próximo sábado no meu “see you soon dinner” em casa da Célia. Este post é para eles…para o pessoal de Köln!

A mana mariju estava preocupada porque ía ficar sozinha, numa casa vazia…

A casa está vazia…mas sinto-me cheia! E pronta para a próxima!

18 outubro 2005

24Set



Às vezes pensamos que já não existem histórias de amor…que o amor é coisa de telenovela, coisa pueril, ilusão com febre à mistura! Está em voga o amor de jeito…dá jeito ter alguém, dá jeito ter companhia para o cinema, dá jeito ter par para aquela festa, dá jeito o sexo, dá jeito… Eu cá acho que isso são tretas… e fico feliz por ainda existirem pessoas a comprovar a minha teoria…mais feliz ainda quando essas pessoas são dois grandes amigos!

08 outubro 2005


O jamiro em acção...

20 Sept...meet Jamiro!


O Homem é um fenómeno em palco! Valeu a pena o dinheiro, a viagem a Düsseldorf, as manobras que tivemos que fazer para ficarmos no pequeno espaço mesmo em frente ao palco com a nossa pulseira ao verdadeiro estilo VIP.

Mas convém dizer o que eu já suspeitava…estes alemães são uns frouxos mesmo nos concertos! Ou se calhar somos mesmo nós, os portugueses, que transformamos um simples espectáculo musical na verdadeira Festa! O artista dá a mão, nós puxamos logo o braço e aí vamos nós! Incrível como o concerto começa e apenas vislumbro algumas palmas, algum movimento mas nada mais do que isso. Eu resolvi ignorar a frieza alemã, a Ana e o António também…o casal de gays ao meu lado…idem! A cada música soltavam berros estridentes…eu adorei…também alinhei! Acho que só mesmo no “Use The Force” é que o público definitivamente se soltou…para rebentar finalmente…no final com “Deeper Underground”! Para mim foi dançar até não poder mais e esperar por novo concerto…

“I'm goin' deeper underground
There's too much panic in this town”