Gêtê...ontheblog

03 maio 2006

A propósito de Memórias...

Sabiam que por toda a cidade de Colónia se podem encontrar pelo chão estas pequenas chapas douradas, gravadas com o nome dos judeus que ali viveram e para onde foram deportados?

Não apaguem a Memória! Movimento Cívico


Esta história dos blogs tem destas coisas…de um fui para outro, desse outro para outro mais além. Dei com o site http://maismemoria.org/ e assinei a petição tentando cumprir um pouco as promessas que tenho vindo a fazer a mim mesma de lentamente tentar saber um pouco mais sobre o nosso 25 de Abril. A minha pergunta é sempre a mesma, a martelar-me o cérebro, porquê tanto esquecimento? Porque passaram 30 anos e tão pouco se ensina, tão pouco se sabe sobre a nossa Revolução, sobre o nosso Ultramar? Como se vivia, o que era a PIDE?

Tendo em conta as minhas experiências na Alemanha sou constantemente confrontada com a existência ou não de racismo naquele país. Continuo a achar que são tão racistas como nós, os espanhóis ou os franceses. Mas para eles o estigma do Holocausto há muito ficou cravado na sua História, no DNA do povo Alemão. Não pretendo iniciar aqui uma qualquer discussão sobre se são ou não racistas, porventura são-no…mas isso não vem agora ao caso. O que pretendo aqui dizer é que este povo que massacrou e violou vive um permanente mea culpa e parece-me que o faz essencialmente para não esquecer os seus erros, para não os repetir ou talvez para que o povo não volte a cair no conto do lobo com pele de carneiro. Já aqui falei do Museu do Judeu em Berlim e dos incríveis testemunhos que nele encontramos, para além das mensagens de dor para com o passado mas também de esperança no futuro. Hoje, perante esta minha descoberta, esta petição para que não se esqueça o que foi a PIDE, onde estava, o que fazia, deixo aqui o link da Sede da Gestapo em Colónia (EL-DE House). Esta casa após anos de abandono é neste momento um Museu onde para além da história das famílias judias mais importantes de Colónia, o seu percurso e, na maioria das vezes, trágico fim, podemos também observar os antigos calabouços, incrivelmente preservados e ainda as suas paredes escritas com mensagens amarguradas e atormentadas de quem provavelmente lá entrou para não mais sair. Foi provavelmente o local que mais me impressionou, que mais me marcou e de onde mais cinzenta saí. Principalmente, por ver a comoção do meu pai. Lembrou-se da PIDE, das suas sedes, do controle implacável, do medo. Por essa imagem, por aquilo que ainda não sei, pelo Futuro deixo este meu testemunho e o desejo de que esta petição avance. Pelo Não Esquecimento…pelas Gerações Futuras!


Fonte: Site El-DE-Haus